Somos seres orgânicos.
Foi preciso uma pandemia para nos sacudir e lembrar que os robôs e a inteligência artificial não são uma panacéia.
Temos quatro dimensões: a física (que ora nos dói); a racional (da ciência e do pensamento); a emocional (dos sentimentos como tristeza, alegria e paixão); e a espiritual (dos valores, das crenças, da ética e da política).
Essa ideia não é nova: os gregos antigos já falavam em praxis, logos, pathos e ethos.
O velho Freud nos lembrou que a dimensão física estava ligada a (e muitas vezes causada por) Ego, Id e Superego.
A ascensão do endeusamento (vide “Totem e Tabu”) da inteligência artificial fazia muita gente desdenhar das outras três dimensões. Um mundo 100% racional era apresentado como um objetivo desejado.
Ledo engano.
Melhor aceitar plenamente e se deliciar com a condição humana, cujas quatro dimensões são indissociáveis de nossa existência.
A gente valoriza mais aquilo de que nos privam. Na realidade Covid: o convívio social físico; o tocar os outros, afagar, beijar, aconchegar; cheirar, saborear.
Você pode ver e ouvir pelas telinhas de telefone; mas não pode apertar, cheirar e sentir o gosto de quem você ama.
Espero que possamos reaprender a apreciar a totalidade da nossa condição humana, no melhor estilo de Fritz Perls e da Gestalt Terapia dos anos 70, que também andava esquecida.
Com destaque, também, para a Ética. Nos momentos de crise ela é essencial.