Comunismo e capitalismo são doenças sociais?
O capitalismo não funciona… ou, na melhor das hipóteses, funciona muito mal, pois gera injustiças, concentração de renda, pobreza, e exploração de milhões para beneficiar milhares.
O comunismo nasceu no Século 19 como a alternativa (idealizada, utópica) ao capitalismo na sua versão mais selvagem e desumana.
Hoje em dia, no Século 21, muitas pessoas já sabem que o comunismo é inviável na prática… e que o capitalismo continua gerando cada vez mais problemas.
Infelizmente, a grande maioria das pessoas segue apegada às ideias do Século 19: uma polarização burra entre um capitalismo selvagem e um comunismo inviável.
Precisamos desenvolver modos alternativos de organização político-econômica. Todavia, as pessoas seguem tão apegadas àquelas ideias anacrônicas que chamam esses modos alternativos de “capitalismo de Estado” (o termo utilizado pela revista inglesa “The Economist” para descrever a China de 2024), ou de “socialismo do Século 21”. Ou seja: não conseguem abandonar os termos “capitalismo” e “socialismo”.
Como a maioria das pessoas continua apegada à polarização burra de 200 anos atrás, os capitalistas rejeitam qualquer denominação que inclua os termos socialismo ou comunismo; e os críticos do capitalismo rejeitam qualquer denominação que inclua o termo capitalismo.
Os ditos capitalistas, na verdade, não têm medo do comunismo/socialismo… Têm medo é da crítica ao capitalismo, pois essa crítica é encarada como uma crítica ao modo de vida ao qual se acostumaram, ao qual se adaptaram, e cujo acreditam ser a única maneira de sobreviver (e em alguns casos, a única maneira de enriquecer). Se tirarem delas essa crença, essas pessoas acham que ficarão sem nada… E isso seria terrível.
Esse medo de se dar conta de que foram enganadas pela ilusão do capitalismo, pela ilusão do “sonho americano” de liberdade e prosperidade, leva as pessoas ao ódio e ao conservadorismo extremado, ao reacionarismo. É uma defesa natural contra essas críticas e contra uma realidade moderna cada vez mais complexa e difícil de entender.
Para dissolver essa enorme resistência às mudanças propostas pelos críticos ao sistema vigente, é preciso alternar apoio e confrontação.
O grande erro da esquerda (leia-se: progressistas, anti-conservadores, críticos ao capitalismo selvagem) é o de enfatizar apenas a confrontação e a crítica. Isso só acirra os mecanismos de defesa, aumentando o conservadorismo e a polarização.
Precisamos de abordagens mais construtivas, que sejam percebidas como soluções e não como ameaças. Algumas abordagens alternativas já existem, como o cooperativismo e suas variações. Outras abordagens precisam ser criadas.
O caminho da mudança passa pela educação, no seu sentido mais amplo, não restrito à escolaridade. O Brasil, principalmente, precisa de mais creches e escolas primárias de qualidade, mais do que universidades. É na infância que se aprendem valores básicos como honestidade e solidariedade.
E precisamos aprender a debater alternativas sem vínculo a políticos de estimação.